GRÉCIA ANTIGA
Não resta
dúvida de que o legado da Grécia antiga para a moderna cultura ocidental tem um
valor inestimável. Com a invenção da democracia e da filosofia, os gregos
criaram os fundamentos do moderno conceito de cidadania e lançaram as bases do
pensamento científico e da arte ocidental. O mesmo se pode dizer da criação
literária e do teatro grego, cujos modelos ainda hoje são seguidos.
TEMPOS DE
FORMAÇÃO
A Grécia
localiza-se na península Balcânica é formada por regiões montanhosas, de relevo
acidentado, o que influenciou política e economicamente a vida dos antigos
gregos. A sua posição geográfica favoreceu a ligação entre a Europa e o Oriente
Próximo. As poucas planícies férteis dificultaram o desenvolvimento da
agricultura, porém, o litoral recortado e extenso facilitou o desenvolvimento
do comércio marítimo.
A península Balcânica era habitada por grupos
de pastores seminômades, os pelágios ou pelasgos. Por volta do ano 2000 a.C.,
começou a ser ocupada por povos indo-europeus, vindos das planícies euro-asiáticas.
Os primeiros foram os aqueus, depois os jônios, os eólios e dórios.
O território
ocupado pela Grécia antiga pode ser dividido em três partes: a continental,
chamada pelos gregos de Hélade, correspondente ao sul da península Balcânica; a
insular, formada pelas ilhas do mar Egeu; e a asiática, ou Jônia, localizada na
costa ocidental da Ásia Menor (na atual Turquia).
Ao contrário
do que temos hoje, a Grécia antiga não chegou a formar um Estado unificado. Seu
território era de fato ocupado por várias cidades autônomas, cada qual com sua
própria organização social, religiosa, política e econômica. Por tais
características, essas cidades, chamadas pólis
pelos gregos, são denominadas cidades-Estado. As principais cidades-Estado
gregas foram Esparta, Atenas, Tebas e Corinto.
A pólis era
constituída por um núcleo principal, algumas vilas e áreas agrícolas. No núcleo
principal ficavam a acrópole (centro religioso que também servia de fortaleza
militar), a ágora (praça central) e o asti (espécie de mercado). A história da
Grécia antiga se estende por quase dois milênios.
Em meados do
século IV a.C., o território grego foi dominado pelos macedônios, que
assimilaram e difundiram a cultura grega por todo o Oriente. A esse período
deu-se o nome de Helenístico. Mais tarde, a Grécia seria incorporada ao Império
Romano.
A população
da Grécia antiga formou-se a partir do encontro de quatro povos de origem
indo-europeia (provenientes da Ásia central): aqueus, jônios, eólios e dórios.
Duas obras
se destacam como fontes históricas referentes ao período posterior à invasão
dórios: os poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a
Homero. A invasão dória provocou significativa transformação no modo de vida
dos gregos.
Ilíada e a Odisseia, poemas atribuídos a Homero que contam a
Guerra de Tróia e o regresso do herói Odisseu (Ulisses) à Grécia. Estas obras
descrevem relatos verídicos e imaginários, que geram uma constante pesquisa
para separar a ficção do fato, sem comprometer o valor simbólico das obras.
A dispersão
populacional resultou na diminuição e no enfraquecimento das atividades
urbanas, como o comércio e o artesanato. A produção artística perdeu
importância e a própria escrita deixou de ser utilizada.
A Guerra de
Tróia
Segundo o poeta Homero, no poema Ilíada, a Guerra de Tróia teria
ocorrido porque Páris, filho do rei de Tróia, raptou Helena, esposa de Menelau,
rei de Esparta, e famosa por sua beleza. Menelau e outros chefes gregos
formaram um grande exército e, sob o comando de Agamenon, rei de Micenas,
atacaram Tróia. A cidade resistiu a um cerco de dez anos. Tróia foi finalmente
tomada graças a um ardil sugerido por Ulisses, rei de Ítaca. Os gregos construíram
um grande cavalo de madeira, no interior do qual esconderam alguns soldados. O
cavalo foi oferecido aos troianos, que o levaram para dentro da cidade. À
noite, os soldados saíram do interior do cavalo e abriram os portões da cidade
para que entrasse o exército grego, que massacrou os troianos semi-adormecidos.
Por volta do
século VIII a.C., a economia da região voltou a crescer. Lentamente, a
utilização da moeda, a difusão da metalurgia do ferro e o desenvolvimento da
escrita, a partir do alfabeto dos fenícios, colaboraram para consolidar as
mudanças. As cidades ressurgiram e o desenvolvimento da navegação permitiu a
colonização de terras distantes. Colonos gregos estabeleceram-se, assim, no mar
Negro, no Egito, na Líbia, no sul da península Itálica e até na península
Ibérica. Era a Segunda Diáspora Grega, motivada em grande parte pelo
crescimento populacional. Essa expansão ajudou a incrementar as atividades
comerciais, dando origem a uma intensa rede de comércio. Com o tempo, nas áreas
colonizadas surgiram cidades semelhantes à pólis. Na península Itálica, as
colônias gregas ficaram conhecidas como Magna Grécia.
A
intensificação das atividades econômicas possibilitou o fortalecimento de
alguns grupos sociais ligados às atividades urbanas, como os comerciantes e
artesãos. Por sua vez, um grande número de camponeses empobreceu em virtude da
concorrência dos produtos vindos das colônias. Alguns deles perderam suas
terras e muitos chegaram a se tornar escravos por causa de dívidas.
A Grécia
passou então por um período de conflitos sociais que provocaram enormes
mudanças na organização da sociedade. Muitas das cidades gregas, governadas até
esse momento por soberanos, aboliram a monarquia (palavra grega que significa
"governo de um"), substituindo-os por uma pequena elite governante, a
aristocracia ("governo de alguns"). Em algumas cidades, a
continuidade das tensões, ocasionadas pelo aumento do poder econômico dos
grupos privilegiados, conduziria a uma completa reformulação das relações
sociais. Em Atenas, por exemplo, surgiu a democracia, que significa
"governo da maioria".
ATENAS, BERÇO DA DEMOCRACIA
Atenas foi
fundada na Ática, península do mar Egeu, pelos jônios, que ali se estabeleceram
de forma pacífica, ao lado de eólios e aqueus, antigos habitantes da região. No
início, o poder político estava sob o controle dos eupátridas, donos das terras
mais produtivas. (...)Em 507 a.C., Clístenes assumiu o comando de Atenas e
realizou um vasto programa de reformas, no qual estendeu os direitos de
participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos.
Desse modo,
consolidava-se a democracia ateniense. A participação política, contudo, era
restrita a 10% dos habitantes da cidade. Ficavam excluídos da vida pública,
entre outros, estrangeiros residentes em Atenas (os chamados metecos), escravos
e mulheres, ou seja, a maior parte da população. Apesar desses limites, a
democracia ateniense foi a forma de governo que, no mundo antigo, mais direitos
políticos estendeu ao indivíduo. Atribui-se a Clístenes ainda a instituição do
ostracismo, que consistia na suspensão dos direitos políticos e no exílio por
dez anos dos cidadãos considerados perigosos para o Estado.
MULHERES DE ATENAS
As mulheres
tinham menos liberdade em Atenas do que em Esparta. Casavam-se muito jovens,
entre 15 e 18 anos, conforme a escolha dos pais. Após o casamento, tinham de
prestar obediência ao marido. As mais ricas viviam reclusas em uma área da casa
denominada gineceu. As mais pobres eram obrigadas a trabalhar. O marido tinha o
direito de devolver a esposa aos pais dela em caso de esterilidade ou
adultério. Diferentemente de Esparta, em Atenas não havia escolas públicas,
embora a educação fosse obrigatória. Quando a criança chegava aos 7 anos, cabia
ao pai enviar o filho a um mestre particular. A vida escolar se compunha, em
geral, de um primeiro momento chamado música, que compreendia o aprendizado da
cultura literária e da música propriamente dita. Depois dos 18 anos, os que
podiam continuar estudando frequentavam as lições de retórica e de filosofia.
A FORÇA DE ESPARTA
Encravada no
Peloponeso, Esparta foi erguida pelos dórios, no século IX a.C., numa região
chamada Lacônia. Ali, a dominação dória sobre os povos conquistados deu origem
a uma rígida organização social, econômica e política. Um conjunto de leis,
atribuídas a um lendário legislador chamado Licurgo, garantia o poder a um
pequeno grupo de descendentes dos invasores dórios.
Uma sociedade guerreira
Os
esparciatas deviam seguir uma disciplina extremamente rígida. Desde muito cedo,
aos 7 anos, os meninos eram submetidos à educação oferecida pelo Estado. Quase
todo o tempo devia ser dedicado aos exercícios físicos e aos preparativos para
a guerra. Entre os 12 e os 30 anos, os jovens deviam dormir em alojamentos
coletivos, com companheiros da mesma faixa etária. Depois dessa idade, podiam
casar-se e participar das decisões da assembleia.
O principal
dever das mulheres era dar à luz filhos vigorosos. Embora fossem obrigadas a
praticar ginástica, tinham bastante liberdade. Em virtude da prolongada
ausência a que estavam sujeitos os homens, cabia às mulheres a administração
dos interesses da casa. A elas, e não aos homens, era concedido o direito de
praticar o comércio.
A educação espartana
Os jovens
esparciatas, obrigados a cumprir a rigorosa disciplina do serviço militar,
estavam ligados por toda a vida à pólis. O filósofo grego Plutarco descrevia
assim a educação das crianças: Os meninos, quando completam doze anos, não usam
mais a túnica, apenas recebem um manto para todo o ano (..).
Dormem sobre
juncadas de caniços que eles mesmos fazem com os caniços colhidos pelas
próprias mãos, sem ferramenta (..). O que os meninos trazem (lenha e legumes)
para preparar as refeições é roubado, seja escalando os jardins, seja
insinuando-se nas salas de jantar comuns, tudo com tanto de astúcia quanto de
destreza. Aquele que for apanhado em flagrante receberá muitas chicotadas, por
ter-se deixado pegar por negligência ou inabilidade.
Roubam
também tudo o que podem de comida. (..) Um deles, dizem, tendo roubado uma
pequena raposa e conservando-a escondida sob a túnica, deixou-a dilacerar o
ventre com as unhas e os dentes, e morreu no lugar para conservar seu segredo. Esse
fato não é incrível, a julgar pelos jovens espartanos de hoje. Eu vi mais de um
perecer sob o látego diante do altar de Ártemis.
Recebem
o nome de Guerras Médicas (ou Guerras Medas, Guerras Greco-Persas, Guerras
Greco-Pérsicas e Guerras Persas) os conflitos entre os antigos gregos e o
Império Persa durante o século V a.C. ocorridos na região do Mediterrâneo
Oriental.
GUERRAS MÉDICAS
As
Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos e os medo-persas. A vitória da
Grécia garantiu o controle comercial da região, imortalizou seus heróis e
estabeleceu ao mundo o modelo ocidental de se fazer a guerra.
Com o fim da guerra, Atenas passa a exercer uma hegemonia
política e cultural sobre as demais póleis. A Confederação de Delos foi mantida
sob o argumento de que os persas podiam voltar e o pagamento de tributos
voltados para a guerra continuaram a serem cobrados. Estes recursos foram
aplicados para o desenvolvimento de Atenas.
Este período de esplendor ateniense, o século V a.C. é
conhecido como o "Século de Péricles" , ou "Século de
ouro", marcado pelo aperfeiçoamento das instituições democráticas, pela
construção de obras públicas e pelo grande desenvolvimento das artes e do
pensamento filosófico.
A guerra civil, contra a hegemonia de Atenas e contra a
Confederação de Delos é conhecida como Guerra do Peloponeso. A cidade de
Esparta declara guerra à Atenas no ano de 431 a.C. e organiza uma liga militar,
a Liga do Peloponeso. Com o final das guerras em 404 a.C., Esparta inicia uma
hegemonia militar sobre as cidades gregas. As guerras civis continuam por um
certo período, Tebas exercerá também um domínio sobre as póleis.
Estas guerras internas enfraquecem as cidades gregas, possibilitando
a invasão de um povo estrangeiro, os macedônicos.
Fonte: www.dialetico.com
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