segunda-feira, 25 de setembro de 2017

GRÉCIA ANTIGA - TEXTO DE APROFUNDAMENTO

GRÉCIA ANTIGA

Não resta dúvida de que o legado da Grécia antiga para a moderna cultura ocidental tem um valor inestimável. Com a invenção da democracia e da filosofia, os gregos criaram os fundamentos do moderno conceito de cidadania e lançaram as bases do pensamento científico e da arte ocidental. O mesmo se pode dizer da criação literária e do teatro grego, cujos modelos ainda hoje são seguidos.

TEMPOS DE FORMAÇÃO 
A Grécia localiza-se na península Balcânica é formada por regiões montanhosas, de relevo acidentado, o que influenciou política e economicamente a vida dos antigos gregos. A sua posição geográfica favoreceu a ligação entre a Europa e o Oriente Próximo. As poucas planícies férteis dificultaram o desenvolvimento da agricultura, porém, o litoral recortado e extenso facilitou o desenvolvimento do comércio marítimo.
 A península Balcânica era habitada por grupos de pastores seminômades, os pelágios ou pelasgos. Por volta do ano 2000 a.C., começou a ser ocupada por povos indo-europeus, vindos das planícies euro-asiáticas. Os primeiros foram os aqueus, depois os jônios, os eólios e dórios.
O território ocupado pela Grécia antiga pode ser dividido em três partes: a continental, chamada pelos gregos de Hélade, correspondente ao sul da península Balcânica; a insular, formada pelas ilhas do mar Egeu; e a asiática, ou Jônia, localizada na costa ocidental da Ásia Menor (na atual Turquia).
Ao contrário do que temos hoje, a Grécia antiga não chegou a formar um Estado unificado. Seu território era de fato ocupado por várias cidades autônomas, cada qual com sua própria organização social, religiosa, política e econômica. Por tais características, essas cidades, chamadas pólis pelos gregos, são denominadas cidades-Estado. As principais cidades-Estado gregas foram Esparta, Atenas, Tebas e Corinto.

A pólis era constituída por um núcleo principal, algumas vilas e áreas agrícolas. No núcleo principal ficavam a acrópole (centro religioso que também servia de fortaleza militar), a ágora (praça central) e o asti (espécie de mercado). A história da Grécia antiga se estende por quase dois milênios.
Em meados do século IV a.C., o território grego foi dominado pelos macedônios, que assimilaram e difundiram a cultura grega por todo o Oriente. A esse período deu-se o nome de Helenístico. Mais tarde, a Grécia seria incorporada ao Império Romano.
A população da Grécia antiga formou-se a partir do encontro de quatro povos de origem indo-europeia (provenientes da Ásia central): aqueus, jônios, eólios e dórios.
Duas obras se destacam como fontes históricas referentes ao período posterior à invasão dórios: os poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero. A invasão dória provocou significativa transformação no modo de vida dos gregos.

Ilíada e a Odisseia, poemas atribuídos a Homero que contam a Guerra de Tróia e o regresso do herói Odisseu (Ulisses) à Grécia. Estas obras descrevem relatos verídicos e imaginários, que geram uma constante pesquisa para separar a ficção do fato, sem comprometer o valor simbólico das obras.

    

A dispersão populacional resultou na diminuição e no enfraquecimento das atividades urbanas, como o comércio e o artesanato. A produção artística perdeu importância e a própria escrita deixou de ser utilizada.

A Guerra de Tróia
Segundo o poeta Homero, no poema Ilíada, a Guerra de Tróia teria ocorrido porque Páris, filho do rei de Tróia, raptou Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, e famosa por sua beleza. Menelau e outros chefes gregos formaram um grande exército e, sob o comando de Agamenon, rei de Micenas, atacaram Tróia. A cidade resistiu a um cerco de dez anos. Tróia foi finalmente tomada graças a um ardil sugerido por Ulisses, rei de Ítaca. Os gregos construíram um grande cavalo de madeira, no interior do qual esconderam alguns soldados. O cavalo foi oferecido aos troianos, que o levaram para dentro da cidade. À noite, os soldados saíram do interior do cavalo e abriram os portões da cidade para que entrasse o exército grego, que massacrou os troianos semi-adormecidos.

Por volta do século VIII a.C., a economia da região voltou a crescer. Lentamente, a utilização da moeda, a difusão da metalurgia do ferro e o desenvolvimento da escrita, a partir do alfabeto dos fenícios, colaboraram para consolidar as mudanças. As cidades ressurgiram e o desenvolvimento da navegação permitiu a colonização de terras distantes. Colonos gregos estabeleceram-se, assim, no mar Negro, no Egito, na Líbia, no sul da península Itálica e até na península Ibérica. Era a Segunda Diáspora Grega, motivada em grande parte pelo crescimento populacional. Essa expansão ajudou a incrementar as atividades comerciais, dando origem a uma intensa rede de comércio. Com o tempo, nas áreas colonizadas surgiram cidades semelhantes à pólis. Na península Itálica, as colônias gregas ficaram conhecidas como Magna Grécia.
A intensificação das atividades econômicas possibilitou o fortalecimento de alguns grupos sociais ligados às atividades urbanas, como os comerciantes e artesãos. Por sua vez, um grande número de camponeses empobreceu em virtude da concorrência dos produtos vindos das colônias. Alguns deles perderam suas terras e muitos chegaram a se tornar escravos por causa de dívidas.
A Grécia passou então por um período de conflitos sociais que provocaram enormes mudanças na organização da sociedade. Muitas das cidades gregas, governadas até esse momento por soberanos, aboliram a monarquia (palavra grega que significa "governo de um"), substituindo-os por uma pequena elite governante, a aristocracia ("governo de alguns"). Em algumas cidades, a continuidade das tensões, ocasionadas pelo aumento do poder econômico dos grupos privilegiados, conduziria a uma completa reformulação das relações sociais. Em Atenas, por exemplo, surgiu a democracia, que significa "governo da maioria".

ATENAS, BERÇO DA DEMOCRACIA
Atenas foi fundada na Ática, península do mar Egeu, pelos jônios, que ali se estabeleceram de forma pacífica, ao lado de eólios e aqueus, antigos habitantes da região. No início, o poder político estava sob o controle dos eupátridas, donos das terras mais produtivas. (...)Em 507 a.C., Clístenes assumiu o comando de Atenas e realizou um vasto programa de reformas, no qual estendeu os direitos de participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos.
Desse modo, consolidava-se a democracia ateniense. A participação política, contudo, era restrita a 10% dos habitantes da cidade. Ficavam excluídos da vida pública, entre outros, estrangeiros residentes em Atenas (os chamados metecos), escravos e mulheres, ou seja, a maior parte da população. Apesar desses limites, a democracia ateniense foi a forma de governo que, no mundo antigo, mais direitos políticos estendeu ao indivíduo. Atribui-se a Clístenes ainda a instituição do ostracismo, que consistia na suspensão dos direitos políticos e no exílio por dez anos dos cidadãos considerados perigosos para o Estado.

MULHERES DE ATENAS
As mulheres tinham menos liberdade em Atenas do que em Esparta. Casavam-se muito jovens, entre 15 e 18 anos, conforme a escolha dos pais. Após o casamento, tinham de prestar obediência ao marido. As mais ricas viviam reclusas em uma área da casa denominada gineceu. As mais pobres eram obrigadas a trabalhar. O marido tinha o direito de devolver a esposa aos pais dela em caso de esterilidade ou adultério. Diferentemente de Esparta, em Atenas não havia escolas públicas, embora a educação fosse obrigatória. Quando a criança chegava aos 7 anos, cabia ao pai enviar o filho a um mestre particular. A vida escolar se compunha, em geral, de um primeiro momento chamado música, que compreendia o aprendizado da cultura literária e da música propriamente dita. Depois dos 18 anos, os que podiam continuar estudando frequentavam as lições de retórica e de filosofia.

A FORÇA DE ESPARTA
Encravada no Peloponeso, Esparta foi erguida pelos dórios, no século IX a.C., numa região chamada Lacônia. Ali, a dominação dória sobre os povos conquistados deu origem a uma rígida organização social, econômica e política. Um conjunto de leis, atribuídas a um lendário legislador chamado Licurgo, garantia o poder a um pequeno grupo de descendentes dos invasores dórios. 
Uma sociedade guerreira
Os esparciatas deviam seguir uma disciplina extremamente rígida. Desde muito cedo, aos 7 anos, os meninos eram submetidos à educação oferecida pelo Estado. Quase todo o tempo devia ser dedicado aos exercícios físicos e aos preparativos para a guerra. Entre os 12 e os 30 anos, os jovens deviam dormir em alojamentos coletivos, com companheiros da mesma faixa etária. Depois dessa idade, podiam casar-se e participar das decisões da assembleia.
O principal dever das mulheres era dar à luz filhos vigorosos. Embora fossem obrigadas a praticar ginástica, tinham bastante liberdade. Em virtude da prolongada ausência a que estavam sujeitos os homens, cabia às mulheres a administração dos interesses da casa. A elas, e não aos homens, era concedido o direito de praticar o comércio.

A educação espartana
Os jovens esparciatas, obrigados a cumprir a rigorosa disciplina do serviço militar, estavam ligados por toda a vida à pólis. O filósofo grego Plutarco descrevia assim a educação das crianças: Os meninos, quando completam doze anos, não usam mais a túnica, apenas recebem um manto para todo o ano (..).
Dormem sobre juncadas de caniços que eles mesmos fazem com os caniços colhidos pelas próprias mãos, sem ferramenta (..). O que os meninos trazem (lenha e legumes) para preparar as refeições é roubado, seja escalando os jardins, seja insinuando-se nas salas de jantar comuns, tudo com tanto de astúcia quanto de destreza. Aquele que for apanhado em flagrante receberá muitas chicotadas, por ter-se deixado pegar por negligência ou inabilidade.
Roubam também tudo o que podem de comida. (..) Um deles, dizem, tendo roubado uma pequena raposa e conservando-a escondida sob a túnica, deixou-a dilacerar o ventre com as unhas e os dentes, e morreu no lugar para conservar seu segredo. Esse fato não é incrível, a julgar pelos jovens espartanos de hoje. Eu vi mais de um perecer sob o látego diante do altar de Ártemis.
Recebem o nome de Guerras Médicas (ou Guerras Medas, Guerras Greco-Persas, Guerras Greco-Pérsicas e Guerras Persas) os conflitos entre os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C. ocorridos na região do Mediterrâneo Oriental.



GUERRAS MÉDICAS 
As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos e os medo-persas. A vitória da Grécia garantiu o controle comercial da região, imortalizou seus heróis e estabeleceu ao mundo o modelo ocidental de se fazer a guerra.
Com o fim da guerra, Atenas passa a exercer uma hegemonia política e cultural sobre as demais póleis. A Confederação de Delos foi mantida sob o argumento de que os persas podiam voltar e o pagamento de tributos voltados para a guerra continuaram a serem cobrados. Estes recursos foram aplicados para o desenvolvimento de Atenas.
Este período de esplendor ateniense, o século V a.C. é conhecido como o "Século de Péricles" , ou "Século de ouro", marcado pelo aperfeiçoamento das instituições democráticas, pela construção de obras públicas e pelo grande desenvolvimento das artes e do pensamento filosófico.
A guerra civil, contra a hegemonia de Atenas e contra a Confederação de Delos é conhecida como Guerra do Peloponeso. A cidade de Esparta declara guerra à Atenas no ano de 431 a.C. e organiza uma liga militar, a Liga do Peloponeso. Com o final das guerras em 404 a.C., Esparta inicia uma hegemonia militar sobre as cidades gregas. As guerras civis continuam por um certo período, Tebas exercerá também um domínio sobre as póleis.
Estas guerras internas enfraquecem as cidades gregas, possibilitando a invasão de um povo estrangeiro, os macedônicos.
Fonte: www.dialetico.com


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